Viagens aos planaltos do Brasil - Tomo III: O rio São Francisco

duas seções. Mas tínhamos vindo de longe para ver um espetáculo pequeno. Tremíamos ao pensar no que poderia ser Paulo Afonso. Na margem ocidental ergue-se abruptamente um morro, o Curral de Pirapora, em cujo cimo provavelmente se erguerá uma construção, a cujos pés está uma estreita praia de pedra. O curso do rio São Francisco é aqui de sul para norte, e a massa rochosa cruza-o em cadeia de rochedos dispersos e dispostos diagonalmente. Há evidentemente várias quedas e, para o sul, o azul-escuro do rio que se escoa rápido, tendo ao fundo o azul-claro da cadeia de Saco Redondo, contrasta com a água efervescente que forma o primeiro plano.

Satisfeitos por esticar nossas pernas há tanto dobradas, desembarcamos no porto de Pirapora, à direita da margem leste, e procedemos a uma inspeção da cachoeira vista de cima. A vereda conduziu-nos a Barandão, uma caricatura do arraial da Manga. Seus aspectos principais eram imensas redes e grandes peixes, pendurados em postes, abertos para secar. O povo não exporta esse produto, mas vende-o somente às tropas de burros que passam. Verificando que não éramos compradores, e desconfiando de que fôssemos agentes do Governo, foram escassamente delicados, mas ofereceram venda os "desmontes" sem diamantes. Os cães ainda foram mais grosseiros que os donos. Se tivéssemos trazido tabaco e outras matérias de menos importância, teríamos sido recebidos de outra maneira.

Andamos a princípio sobre areia solta; o resto da margem direita é uma base rochosa que provavelmente se estende bem abaixo da margem oriental. O curso natural do rio é para este lado e as canoas preferem-no durante as enchentes. O Sr. Liais é de opinião de que a canalização aqui seria fácil. Mas é difícil prever tal obra até que sejam feitas cuidadosas sondagens. O Sr. Halfeld propõe de preferência comportas, que a autoridade francesa não acha necessárias.(13) Nota do Autor Não há risco de que o Brasil empreenda tais obras na geração presente.(14) Nota do Autor

A plataforma de redra é composta de lajes com cerca de quarenta pés de comprido e na maior parte estreitas. A clivagem é perpendicular à corante e os túneis formados pelas águas atingem uma jarda, e às vezes mais em profundidade, mostrando o efeito das enchentes. O material é geralmente um gnaisse duro e compacto (grauwacker sandstein, gris traumatico) de tom ligeiramente roxo, tiras de mica que brilham de brancura. Encontramos também cantaria e calcário impuro que efervesciam, mas pouco, sob a ação dos ácidos. De nosso posto de observação, podíamos facilmente distinguir os

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