sobre o flanco de pedra polida e intensamente negra, cujas faixas paralelas e muito inclinadas servem de parede do lado direito da fenda. Esse bloco desvia o efervescente rápido, quase que em ângulo reto e o envia, rugindo, entre os rochedos da fenda estreita e profunda, para baixo, em direção aos abruptos ricochetes, que terminam o curso no mundo das águas a leste.
Nossa última estação foi no "Paredão", abaixo da Furna dos Morcegos, no lugar chamado Limpo do Imperador, porque o mato foi roçado para a visita imperial. Ali não há sombra e a água fica longe. Uma barraca e barris, contudo, facilitaria tudo e o viajante ali acampado, teria sob os olhos, tanto de noite quanto de dia a mais bela, se não a mais grandiosa vista de Paulo Afonso. Fica-se ali no nível do rio, acima das quedas superiores e a 300 pés de altura, em perpendicular, sobre a água que corre embaixo, e que se precipita, rodopiando e espumejando. Para o ocidente a vista apreende em cheio o braço pequeno, mas gracioso, de Angiquinho, que é como as cachoeiras americanas, comparadas à queda da Ferradura, e que lembra ao viajante a alta e estreita Montmorency.(39) Nota do Autor Aquele ponto corresponde à última linha da margem direita do rio, na qual, perto da Tapera de Paulo Afonso, uma massa de compridas ilhas precede os estreitos e a cachoeira. Compreende a ilha Íris, rochedo que pode ser facilmente confundido com a terra firme. É, porém, coberta de árvores, e mantém-se verde-esmeralda pelo constante irrigação das partículas de água, distinguindo-se, desse modo, da pardacenta planície que se estende à distância. Ali, de novo, a tranquila e silenciosa paisagem em torno ressalta o efeito das águas violentas e espumejantes. O rio rola impetuosamente sobre seu próprio leito de baixios escuros, apoiados em rochas negras de azeviche, entra paredes que, ora avançam, ora recuam. Despedaçado pela queda, ele exibe em torno do centro, com o apoio de um rochedo saliente, claramente visível nesta estação, uma queda dentro da queda. Jatos de duchas de água, parecendo minas intermináveis, irrompem, erguem-se à metade de sua altura, e os glóbulos inumeráveis, erguendo-se como flechas, repetem as glórias prismáticas do íris solar e lunar. A seu pé, à mão direita do espectador, e de norte a sul, uma seção de arco representa a parte terminal da misteriosa catarata, cujos terços superiores estão ocultos por uma cortina de rocha. Este, a corrente principal, lança-se quase perpendicularmente sobre a parede da direita da ravina, e o ímpeto o arremessa bem alto em rolos e vagas contra a parede, lançando uma confusão mais completa nas torrentes que se sucedem. Mas, sujeita à eterna lei da gravitação, uma linha sinuosa, precipita-se da fenda, amplia-se gradualmente