Viagens aos planaltos do Brasil - Tomo III: O rio São Francisco

leito por onde ele se espalha na estação da seca. Ele pretendia nettoyer da corrente a madeira flutuante que naturalmente se fixaria onde tinha permanecido. Para evitar o depósito das areias provenientes da pesquisa do ouro de Sabará e redondezas, queria compelir os proprietários a cavar tanques, através dos quais os riachos lamacentos passariam, depositando a escória antes de penetrar ao rio. Mas nas condições presentes do Brasil, tais precauções seriam inexequíveis e os lucros provenientes da pesquisa do ouro não habilitariam, como ele supõe, os proprietários das minas a fazer as despesas necessárias. Ele pretenderia criar uma polícia das águas para impedir que as árvores fossem atiradas no rio, mas os policiais seriam provavelmente os primeiros a atirá-las na água. Finalmente, a tônica de seus projetos é que os canais seriam feitos independentes dos pilotos e não ofereceriam risco mesmo a um vapor mal dirigido. Creio que não é preciso caracterizar tais obras como ultrapassando os termos da possibilidade.(29) Nota do Autor

Uma parte considerável do trabalho só poderia ser executada na época das vazantes, quer dizer em três ou quatro meses do ano. Para outra parte seria suficiente água de profundidade média. Durante as enchentes, de novembro a março, nada poderia ser feito. Perto de abril ocorre muitas vezes uma pequena inundação, chamada enchente de Páscoa. A época de trabalho ficaria assim limitada a seis meses. Assim, as enchentes do São Francisco são quase sincrônicas com as do Amazonas, que começam em novembro e duram até maio ou junho. A extensão maior de tempo resulta de suas dimensões superiores. Ambos os rios têm inundações, que serão descritas a seu tempo e, em ambos, as oscilações são conhecidas pelo nome de "repiquete".(30) Nota do Tradutor Durante as vazantes é preciso contar com as doenças entre os operários não aclimados, atraídos de pontos longínquos pelo aumento dos salários.

Eis as estimativas propostas pelo Sr. Liais:

200:000$000 - Entre Sabará e Macaúbas, para poder admitir na estação da seca um barco calando 0,60m (um calado maior exigiria um grande aumento de dispêndio). Canalização em quatro pontos e supressão de rochedos.

1,730:000$000 - Entre Macaúbas e Jequitibá, calado de 1,25 m. Dragagem, supressão de um vau, retificação de Poço Feio e retirada de rochedos.

195:000$000 - Entre Jequitibá e Paraúna. Esta é uma das piores seções. Para o mesmo calado.

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