Viagens aos planaltos do Brasil - Tomo III: O rio São Francisco

orçamento mais alto possível. O trabalho é a única necessidade absoluta entre as cachoeiras de Pirapora (légua 1ª) e a vila da Boa Vista (269ª) e, como veremos, quando chegarmos ao lugar, a natureza está ali fazendo a sua própria engenharia.

Da vila da Boa Vista ao porto de Piranhas, de setenta a setenta e duas léguas (216 milhas), o São Francisco dificilmente pode ser considerado navegável. Ajoujos iguais ao meu e canoas atravessam mesmo na estação da seca as primeiras trinta e quatro léguas entre Boa Vista e Várzea Redonda, mas enfrento mil perigos. As restantes trinta e oito léguas (114 milhas) entre Várzea Redonda e porto das Piranhas são absolutamente incontroláveis. O mínimo que custará uma estrada de ferro será £342.000, o máximo £648,000. Se for dada preferência a uma estrada marginal, a despesa será reduzida à metade. Uma estrada carroçável custará cerca de um terço. Rejubilo-me em saber que o governo de Sua Majestade Imperial mandou um conhecido engenheiro alemão, o Sr. Krauss, determinar os níveis que podem ligar o baixo ao alto São Francisco.

Quando estiver ocupado o vale ribeirinho, a rápida drenagem tenderá a aumentar as enchentes e as correspondentes secas. Será então necessário construir represas na artéria principal e nos tributários, paredões sólidos, partindo de ambas as margens, forçando a corrente a se tornar forte no centro e criando uma profundidade necessária para a navegação no centro. Assim, conjuntamente com a remoção das cachoeiras, os vales mais baixos estarão garantidos contra as enchentes. As secas de inverno poderão ainda ser evitadas pela liberação de reservas de lagos artificiais e reservatórios construídos nas correntes secundárias. Este plano foi proposto para o Mississipi, cuja área de drenagem é de um milhão e um quarto de milhas quadradas, e cujos cursos navegáveis alcançam dez mil milhas. Tais esquemas ousados e magníficos têm sido propostos e em parte executados no Novo Mundo,(32) Nota do Autor enquanto os engenheiros da Europa têm um medo crônico de retificar grandes rios e desenvolvem a teoria de que estes foram feitos para fazerem-se canais. É só uma questão de tempo, quando o Brasil seguirá o exemplo dos Estados Unidos.

A navegação a vapor no rio das Velhas está a ponto de ser iniciada. Em 25 de junho de 1867, o presidente de Minas Gerais, conselheiro Joaquim Saldanha Marinho, entabulou um contrato com o engenheiro civil Sr. Henrique Dumont, pelo qual o governo da província comprometeu-se a pagar antes de 30 de junho de 1867, a

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