O Brasil Central. Expedição em 1884 para a exploração do Rio Xingu

CAPÍTULO III

De Assunção a Corumbá

Em meados de fevereiro de 1884 partimos de Buenos Aires, chegando em Assunção seis dias depois.

A extravagante capital do Paraguai já mereceu frequentes descrições. Para nós ela só foi estação de passagem, pois, se ali demorássemos, alteraríamos o plano já traçado. À espera de um vapor de Cuiabá, permanecemos em Assunção três semanas agradáveis e descuidadas, fazendo esforço para aprender o português e esquecer o espanhol. Através do convívio que tivemos com alguns alemães cultos, que conheciam o país, a estada se nos tornou muito mais proveitosa. Foi com um sentimento de lástima que contemplamos a discordante e tristíssima situação da colônia alemã São Bernardino. Mesmo as pessoas que se referiam, encantadas, às reservas inesgotáveis do Paraguai consideravam a colônia como um empreendimento fracassado. Parece que o excesso de imigrantes para ali encaminhado e que teve de mudar de profissão fez deles elemento absolutamente imprestável. Além disso, nem a situação da colônia nem as suas disposições naturais eram das melhores.

É possível que, dentro de algumas dezenas de anos, o Paraguai se reabilite dos golpes da guerra devastadora em que se envolveu. Atualmente o país não oferece mercado. O frete é tão alto que não lhe é possível concorrer com a Argentina. Por isso mesmo algumas vozes enérgicas se levantam para dizer francamente que melhor seria (apesar das dificuldades políticas) que o país fosse simplesmente anexado à Argentina, pois o Paraguai não era mais do que a sua parte noroeste. Em situação independente continuaria um corpo fraco e sem nenhuma possibilidade para se desenvolver. Assim, também, o Brasil tomaria sob sua proteção a pequena presa, caso a mesma não pudesse progredir. Desse modo ela lhe indenizaria os prejuízos causados pela guerra.

No Paraguai as coisas passam-se justamente ao contrário do que se verifica alhures, isto é, quem traz dinheiro, fica rico. Tudo que se

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