apressados, dando alarma, de tal modo que em menos de um quarto de hora ouvimos nos povoados muitos tambores que tocavam a rebate. Eles são ouvidos de muito longe e são tão bem afinados que têm seu contrabaixo, tenor e tiple.
Logo ordenou o capitão que os companheiros remassem a toda a pressa, para que alcançássemos o primeiro povoado antes que as pessoas se recolhessem. Efetivamente começamos a ir apressados e chegamos a uma aldeia onde todos os índios estavam esperando para defender e guardar as suas casas. Mandou o capitão que todos saltassem com muita ordem, cada qual olhando por todos e todos por um, e que nenhum se apartasse, que vissem o que tinham nas mãos e cada qual fizesse o que lhe era determinado. Tal ânimo cobraram todos à vista do povoado, que olvidaram toda a fadiga passada, e os índios fugiram, deixando toda a comida que havia, o que não foi pouco reparo e amparo para nós. Antes que os companheiros comessem, embora tivessem muita necessidade, mandou o capitão que percorressem toda a aldeia, para evitar que, estando recolhendo a comida e descansando, não caíssem sobre nós os índios e nos fizessem dano. E assim se cumpriu.
Aqui começaram os companheiros a vingar-se do passado, pois não faziam senão comer do que os índios haviam guisado para si e beber as suas beberagens, isto com tanta ânsia que não pensavam fartar-se. Mas não faziam isto às tontas pois, embora comessem como homens o que necessitavam, não esqueciam de tomar cuidado com o que lhes era necessário para defender as suas pessoas, andando todos de sobreaviso, os escudos ao ombro e as espadas debaixo do sovaco, mirando se os índios voltavam. Assim estivemos neste descanso (que tal se pode chamar pelo trabalho que havíamos passado)