com diligência fazer outro bergantim, que fosse de maior porte, para que pudéssemos navegar, embora não houvesse entre nós mestre que entendesse de tal ofício. O mais difícil para nós era fazermos os cravos. Durante esse tempo não deixavam os índios de acudir, trazer comida farta e com tanta ordem como se toda a sua vida tivessem servido. Vinham com as suas joias e arrecadas de ouro, e nunca o capitão consentiu que se tomasse coisa alguma, nem mesmo que as mirássemos, para que os índios não entendessem que lhe dávamos apreço. E quanto mais nisto nos descuidávamos, mais ouro punham em cima de si.
Aqui nos deram notícia das amazonas e das riquezas que há mais abaixo, e quem o fez foi um índio chamado Apária(3)Nota do Tradutor, velho que dizia ter estado naquela terra, e também nos deu notícia de outro senhor que estava apartado do rio, metido terra adentro, e que ele dizia possuir enorme riqueza de ouro. Este senhor se chama Ica; nunca o vimos porque, conforme disse, ficou desviado do rio.
Para não perder tempo nem gastar em balde a comida, resolveu o capitão que logo se pusesse por obra o que se tinha de fazer, e assim mandou aparelhar o necessário e os companheiros responderam que queriam começar logo o trabalho. Houve dois homens aos quais não se deve pouco, por fazerem o que nunca aprenderam. Apresentaram-se ao capitão e lhe disseram que eles, com o auxilio de Nosso Senhor, fariam os cravos que fossem precisos, e que ele mandasse outros fazerem carvão. Estes dois companheiros se chamavam João de Alcântara, fidalgo