companheiros, por haver terminado aquilo que tanto desejavam. Havia tantos mosquitos nesta aldeia, que nos atormentavam dia e noite, sem que soubéssemos o que fazer, embora com a boa pousada não sentíssemos o trabalho e nos animasse o desejo que tínhamos de ver o fim da nossa jornada.
Nesse ínterim vieram ver o capitão quatro índios, tendo de altura um palmo a mais que o mais alto cristão. Eram muito brancos, de cabelos bastos que lhes chegavam até à cintura, com roupa e joias de ouro, e trazendo muita comida. Chegaram com tanta humildade, que todos ficamos pasmos de suas disposições e boa educação. Tiraram muita comida e a puseram diante do capitão e lhe disseram que eram vassalos de um grande senhor, e que por seu mandado vinham ver que éramos ou que queríamos e para onde íamos. Recebeu-os muito bem o capitão, e antes que lhes falasse, lhes mandou dar muitas joias, que eles apreciaram muitíssimo. Repetiu-lhes o capitão tudo o que dissera a Apária, com o que os índios ficaram muito admirados, dizendo que queriam partir para dar resposta ao seu senhor. Deu-lhes o capitão a licença pedida, e os presenteou com muitas coisas para o seu principal senhor, e que lhe dissessem que o capitão pedia muito que o viesse ver. Foram-se eles e nunca mais soubemos de onde eram nem de que terra tinham vindo.
Nesse lugar nos demoramos toda a quaresma, quando se confessaram todos os companheiros com os religiosos que ali estávamos e eu preguei todos os Domingos e Festas do Mandato, a Paixão e Ressurreição, o melhor que Nosso Redentor me quis dar a entender com a sua graça, e procurei ajudar e esforçar o que pude pela perseverança no bem a todos aqueles irmãos e companheiros, lembrando-lhes que eram cristãos e que serviriam muito a Deus e ao Imperador em prosseguir na empresa