A liberdade de navegação do Amazonas

Essa região, estrada real do mais poderoso dos rios e quase impenetrável, ubérrima e avara, campo de inúmeras explorações e quase lendária, é uma região fecunda em problemas políticos e econômicos, nacionais e internacionais.

O fator geográfico, porém, domina e específica todos esses problemas e lhes determina as soluções. Desse fator dois aspectos principais se depreendem: a unidade e a orientação da Amazônia, resultantes da existência de um eixo unificador e orientador: o Rio Amazonas.

A geografia, a política e a economia regional em torno desse eixo se congregaram e se desenvolveram.

Política e economicamente essas funções essenciais exerce-as o majestoso caudal, abrindo uma via ampla, profunda e complexa à penetração da atividade política e econômica do Homem. O Rio Amazonas possui, pois, uma significação humana peculiar.

Através dele, surgiram os problemas políticos, tantos quantos os estados que em suas margens e nas de seus afluentes se constituíram.

A unidade geográfica parecia desagregar-se na diversidade política.

No entanto, a atração do "ímã líquido" se manifestava, pela comunidade de tendência desses problemas políticos: o furor pela posse de uma parte sequer da via convergente e dinâmica, ao mesmo tempo braço e alimento do oceano, parto híbrido da terra e do mar, da terra pelo nascimento e pelo curso, do mar pela vastidão e quase prolongamento oceânico, terrestre pela extensão e complexidade, marítimo pelo volume e os horizontes naturais e econômicos.

A mesma atração se demonstrava pela semelhança das soluções políticas: o uti possidetis de fato, compromisso entre as ambições desmedidas, a usurpação, e

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