Joaquim Nabuco viu na queda prematura de José Bonifacio um resultado do seu avanço sobre as ideias escravagistas do seu tempo. Admira-me, por isso mesmo, que nem qualquer outro historiador tivesse visto fenômeno análogo no caso de Feijó. Em verdade, o regente não queria a emancipação imediata. Seria na época crime e loucura impossiveis ao equilíbrio admirável de seu espírito. Mas pretendia a abolição do tráfico. E mais. Queria facilitar uma emancipação progressiva. Confirma-o o seu próprio testamento, naquele ponto em que falou de seus escravos, respeitando o ventre negro e facilitando-se a alforria.
Nomeado bispo de Mariana, Feijó não exerceu nem aceitou o cargo. Nada queria do clero, a não ser melhorá-lo, elevá-lo, normalizá-lo. E, para isso, sentia-se melhor armado sendo padre — apenas vestido de sua loba — quer para tratar com os bispos nas suas circulares enérgicas, procurando sanear a Igreja brasileira, quer para tratar com o papa, quando, intimorato, o ameaçava de cortar relações com a Santa Sé. No seu testamento, feito ao assumir a Regência, preparando-se com tranquilidade de ânimo para qualquer desfecho violento, ele confessou sem nenhum subterfúgio ou alarde de renome como reformador :-"sou e sempre fui católico romano; tudo quanto fiz contra a Igreja tem sido por seu zelo"...