À margem da História do Brasil

compreensão felicíssima de quem contempla, a olhos talvez não enxutos, as realidades temerosas brasileiras. Tobias Barreto, como Sylvio Romero, — deveria ter acrescentado então a mesma pena — foram os desilludidos, as vítimas ceifadas pelo pessimismo prematuro. Entre um e outro está, de fato, Raul Pompea, lá apontado, o grande artista da geração, tragicamente vencido: desenganado do que via, sem encontrar solução salvadora, que amainasse a excitação de seu espírito... suicidou-se.

Vendo homens, admirando ou criticando instituições, regimes ou lutas partidárias, os historiadores esqueceram-se das necessidades sociais ocultas e profundas, mal dissimuladas nos princípios e nas ideias dominantes da época, já por si difíceis de serem focalizadas, dado o feitio simplista costumeiro dos que, historicamente, bordam comentários à vida dos organismos sociais.

Longe de mim o prazer do exagero crítico. Preciso defender-me no que faço sumariamente, lembrando apenas a maneira superficial pela qual a generalidade de nossos compêndios historicos — e mais gravemente ainda os de história financeira — abordam ou abandonam os fenômenos econômicos. Escrevendo em 1914, gozando, portanto, da sedimentação inestimável do tempo, Ramalho Ortigão diz não ter havido desorganização do trabalho agrícola com a emancipação dos escravos e