À margem da História do Brasil

que reproduziram a nossa evolução social, descrevendo as aventuras vencidas e os destinos prováveis de nosso povo, nesse jogar veemente em que se embaralharam gentes de todas as cores num tablado geográfico formidável.

Porque não há como ocultar a generalidade do descaso. Esforcei-me eu mesmo uma vez por compendiá-lo, ao estudar o Rio de São Francisco — rio sem história. E depois de tornar flagrante o silêncio sobre o assunto — com a resalva da frase admirável de Capistrano e da passagem notável de João Ribeiro — quer dos historiógrafos, quer dos sociólogos, admirei-me do próprio silêncio posterior de Euclydes, por isso que em seus outros escritos não retomou aquela tese opulentamente esboçada, nos "Sertões", com a agravante especialíssima de a ter olvidado naquele balanço imponente (Da Independencia à Republica) em que falou com pompa austera da história do Império, focalizando os defeitos graves de nosso processo evolutivo e revelando as diretrizes mestras, que presidiram a formação de nossa nacionalidade.

Esse "silêncio posterior" de Euclydes, de todo inesperado, esclarece melhor do que qualquer outro fato a dificuldade da própria descoberta... Ao escrever "Os Sertões", sentiu Euclydes o Brasil ao ar livre, viu, antes de tudo, a terra, e agindo sobre ela o homem: todos sabem, de resto, que