À margem da História do Brasil

gerados na terra que lhes servirá de pátria. E Nabuco era, de resto, "europeu" demais para compreender a angústia criadora de Mitre. Em uma de suas últimas obras, escrita logo em francês, ele haveria de tornar pública a sua descendência espiritual em linha reta de Renan, tão pura quanto a dos próprios franceses gerados ou influenciados pelo mesmo mestre. No Estadista do Império, o seu livro admirável, ele documentará, de outro lado, o classicismo de seu espírito. Lendo-o e aprendendo com ele tantas cousas belas de nossa história política do Império... esquece apenas o leitor estar no Brasil, tal a serenidade do discurso e a elevação do cenário político por ele apresentado, tal a ausência de referências à terra em sua energia selvática bravia, tal, finalmente, a escassez de dados relativos aos tipos de nossa raça em formação caótica.

Mitre, ao contrário, visceralmente americano, queria o livro da terra, o livro da raça em formação, não se contentando, já naquela época, com o Facundo de Sarmiento que foi, dentro da Argentina, o embasamento vigoroso que tem servido de pedestal ao monumento de suas letras nacionais.

Mas, pensando no problema da formação da consciência argentina, Mitre profetizava indiretamente para o Brasil. E acertava. Note-se bem: o grande valor dos Sertões é não ter nenhuma