À margem da História do Brasil

contrabalançado todos os demais fatores cósmicos diferenciadores, pela costa afora, de nossa própria unidade étnica, social e politica dos primeiros séculos de nossa evolução.

No limiar do século XIX, quando João VI, sob a tutela inspiradora do grande Cairu, traçou sem consciência clara as bases indissolúveis da unidade do Império, como nação, ele encontrou, sem o saber, o Vale do São Francisco povoado por gentes do sul e outras vindas do norte, durante todo o século XVIII, povoações anônimas de missionados, bandeirantes e vaqueiros que forjaram, pelo "fundo" com que transformaram o quadro plano da costa num relevo impressionante, o embasamento tosco, mas suficientemente vasto sobre o qual foram depois trabalhadas as peças do edifício máximo que a República recebeu das mãos da Monarquia extinta: o Império, a unidade empolgante do Império.

Ao defrontarmos, em pleno século XX, as águas do São Francisco em seu curso médio, repitamos, pois, com uma consciência nova de conceito nela contido, aquela frase admirável do missionário humilde do século XVII, ao pisar as margens daquele rio: "que eloquente sermão é por si mesma toda esta terra!" E compreendamos que "o milagre da unidade", obtido pela força centrípeta da realeza teria sido diluído pelos imperativos cósmicos diferenciadores do litoral de