costas, terminam em verdadeiras jóias trabalhadas em penas que a um Tiffany ou a um Cartier causariam inveja. No lóbulo das orelhas, um deles usa uma pena de cor viva, outro, um molho de pequeninas flechas, e, um terceiro, deixa pender do lábio inferior três fiadas de alguma semente leve. Do pescoço, atado a uma cadeia negra, pende um cilindro polido de quartzo translúcido. Ornamento simples, sem dúvida, mas, aquele que lá pende sobre o peito do chefe, com bom palmo de comprimento e furado de lado a lado, representa o labor de duas vidas a poli-lo com areia molhada e com o broto de determinado vegetal nativo: ornamento real, por certo. No peito desses valentes guerreiros, balançam colares de dentes de onça. Na testa, um pequeno círculo de contas brancas e levemente rosadas que sorriem como madrepérola: são olhos de pescada. Nos tornozelos, fios de sementes polidas que tilitam ao ritmo da dança.
As mulheres exibem ornamentos mais simples, como convém ao seu sexo. Todas trazem ligas e, como os homens, estão pintadas de preto e vermelho, obedecendo a desenhos regulares. As que tomam parte na dança vestem uma espécie de avental de contas ou de casca de árvore, batida, ninharia de um palmo quadrado que é imediatamente posta de lado tão logo termine o baile.
De repente as mulheres desaparecem em pânico. Cessa a dança. Todos os ouvidos se apuram. No silêncio obumbrado da maloca ressoam trombetas e flautas selvagens. Quanto mais se aproxima tanto mais penetrante se torna o som plangente do Jurupari. Se qualquer mulher olhar para esses instrumentos sagrados, quer seja deliberadamente, ou por mero acaso, estará vendo a morte certa, por envenenamento, em geral; e, de boa vontade o pai entrega a filha ou o marido a esposa se tão grave crime cometer. Nem mesmo esses moços nervosos podem ser iniciados nos mistérios do