A conquista do Brasil

da sua igarité, o vagabundo do deserto nem sabia construir uma canoa, e, mesmo que soubesse, poucos rios tinha em que fazê-la singrar. O primeiro era quase anfíbio; o último nem sabia nadar. Os amazonenses eram bons cozinheiros, os planaltinos comiam papagaios sem ao menos depená-los. De feito, não há próva de que em parte alguma do planalto fosse conhecida a cerâmica ou a arte de fabricar cestos impermeáveis; pouco ou nada conheciam a respeito de tecelagem; nem se sabe de que tenham jamais trabalhado uma pedra!

Insistimos neste ponto, porque a cultura amazônica, de estágio superior, não se estendeu apenas pelas margens do rio-mar, mas, ainda para o Sul, ao longo da orla marítima até onde a pôde levar a frágil ubá do selvícola; e foi a civilização que o português encontrou disseminada na América. A língua tupi divulgou a cultura de seu povo por milhares de quilômetros, da foz do Madeira ao Pará e daí, pela costa, até o Rio Grande do Sul; tornou-se a língua geral. Dos cruzamentos entre índios e portugueses, nove, talvez, em cada dezena, se processassem com mulheres desse extraordinário povo agrícola.

Infelizmente, porém, o espaço nos impede de mais nos alongarmos no interessante estudo da cultura aborígene. Basta que se lembre o leitor de que os agricultores e pescadores das florestas alagadiças da Amazônia diferiam em muito das hordas planaltinas e dos perseguidores de guanaco, ao sul do país, para que não estabeleça confusão entre cousas que adiante possamos dizer com respeito ao indígena brasileiro em geral.

Quando o Português apareceu, em 1500, evoluiam ainda em plena Idade da Pedra. Com exceção, talvez, dos povos que mantinham contacto fugidio com a orla da civilização incásica, desconhecia-se em Santa Cruz a fundição dos metais. A escultura ou gravação em pedra eram extremamente raras e nem ao menos se sabe

A conquista do Brasil - Página 61 - Thumb Visualização
Formato
Texto