algumas lindes, o traço, ainda que indeciso, de seus limites, muito menos amplos e extensos, os do poder pessoal "político", do que os do poder pessoal "administrativo" - aquele disfarçado e cauteloso, tímido e frequente em recuos; este ousado, desembaraçado, imperioso, buscando a sua maior força na isenção e patriotismo das sugestões, diríamos melhor, ordens. Em suma, as cartas de D. Pedro II no-lo mostram reinando, governando e administrando.
Uma confissão implícita e uma justificação do seu poder "político" deixou na carta de 30 de setembro de 1869, na qual contestava as preferências, o "liberalismo", do Conde d'Eu, suspeitadas por Paranhos e talvez por Cotegipe. O Príncipe não tinha predileções partidárias e reputava todos os partidos amigos das instituições, "o que cumpre", dizia D. Pedro II, "é que a opinião da nação possa sempre livremente manifestar-se; porque então só os loucos deixarão de sujeitar-se a ela."
A vontade nacional não se manifestava "então" livremente; à Coroa ficava, pois, a atribuição de auscultá-la e dirigi-la.
O Imperador não queria conformar-se com o papel de autômato ou espectador, e os políticos, ciosos de sua autoridade e hostis ao que lhes parecia autocracia, buscavam cercear a ação da Coroa. Essa luta era ostensiva e pública nas recriminações, alusões e objurgatórias de quase todos quando na oposição, a revidarem os golpes imperiais, especialmente por ocasião das mutações de gabinetes e partidos e das escolhas senatoriais. Era, porém, um duelo silencioso, minaz e secreto nas resistências desses mesmos políticos quando governantes. No fundo, pois, as acusações de versatilidade de opiniões, e de corrupção, que