o que acabei de relatar com respeito aos homensNota do Autor. Os botocudos têm o hábito de esconder o membro viril num estojo de folhas trançadas de "issara", chamadas por eles "giucann" e pelos portugueses "tacanhobas". A figura 4 da estampa 14 (na ed. in 4 to.) representa um desses objetos, em seu tamanho natural. Há o mesmo costume entre os "Camacans", a respeito dos quais terei ocasião de ocupar-me mais adiante. Cada vez que precisa satisfazer as suas necessidades naturais o botocudo retira o referido estojo, que é depois reposto com todo o cuidado.

Com tudo isto, estes selvagens não mutilam o corpo; usam ainda muito, porém, pintá-lo. Todavia, em nenhuma tribo da costa oriental vê-se uma tatuagem artística como as dos "Nucahiver"; o único indício desta arte, que pude observar, foi uma pequena figura no rosto de um índio "coropó" Nota do Autor(366)Nota do Tradutor. As cores com que se pintavam os botocudos (e como eles todos os "tapuias" do Brasil) são tiradas do fruto do "urucu" (Bixa orellana, Linn.), muito espalhado nas matas, e do "genipapo". O primeiro fornece uma tinta vermelha-amarelada intensa, proveniente da película que envolve as sementes ; do último obtém-se pigmento azul-negro muito duradouro, capaz de permanecer na pele de oito a 14 dias, e com o qual os índios cristãos do Amazonas desenham em sua vestes figuras de animais, do sol, da Iua e das estrelasNota do Autor. Com o urucu, que facilmente se apaga, pintam principalmente o rosto, da boca para cima, com o que adquirem um aspecto extremamente feroz e afogueado. O corpo, em geral é todo tingido de preto, com exceção apenas da cara, dos antebraços e das pernas, das panturrilhas para baixo; aqui costumam separar, porém, com uma lista vermelha, a parte pintada da que não o é. Outros dividem longitudinalmente o corpo em duas metades, uma das quais pintam de negro, deixando a outra em seu estado natural, à maneira da máscara a que se costuma chamar dia e noite; outros, ainda, limitam-se a pintar o rosto de vermelho-vivo. Não encontrei outras cores, além destas três. Quando pintam o corpo de preto, é comum enfeitarem a cara vermelha com uma lista preta, estendida das orelhas até em baixo do nariz, à maneira de um bigode. Alguns, por fim, têm o corpo pintado de ambos os lados e desde os ombros até os pés, deixando apenas o meio sem pintura. As cores são moídas na carapaça de uma tartaruga, utensílios que eles transportam frequentemente com a sua bagagem. Em sua ideia de beleza, o botocudo ainda não se contenta só com essas pinturas; necessita ainda de um colar, feito de sementes, ou de frutos