da Inglaterra, se furta à nossa vista no dia 22, ao meio-dia. Depois daí, cessa toda distração causada pelas coisas circundantes; só se avistam o céu e o mar; todos procuram se distrair escrevendo; felizes os que fizeram uma ampla provisão de bons livros!
Nada nos sucedeu de notável até Madeira, que avistámos no décimo dia de viagem. Atiraram-se anzóis e outros instrumentos de pesca, mas só se pescaram Trigla gurnardus(8) Nota do Tradutor, peixe excelente para comer. Bandos de golfinhos (Delphinus phocaena, Linn.)(9) Nota do Tradutor nos acompanhavam de longe, principalmente quando o mar estava um tanto agitado; atiraram sobre eles, mas sem matar nenhum. Entre os nossos companheiros mais constantes achava-se particularmente a pequena procelária preta (Procellaria pelagica), que os portugueses chamam de "alma de mestre"(10) Nota do Tradutor. Os marinheiros, que consideram como indício de tempestade próxima a chegada de um bando numeroso dessas aves em volta do navio, não a viam com satisfação.
Um "cutter" da marinha real da Inglaterra noa anunciou que o seu país havia declarado guerra à França; convocaram imediatamente os nossos marinheiros, mas, entretanto, nenhum foi tomado para o serviço do estado. Essa notícia nos causou vivas inquietações, sobretudo quando, passando em frente da costa da Espanha, vimos um navio se dirigir para nós; mas os nossos alarmes logo se dissiparam; tratava-se de um navio inglês; ele se incumbiu de levar as nossas cartas para a Europa.
No dia 1° de junho, ao meio-dia, uma terra elevada e algumas montanhas se mostraram confusamente ao longe; era a Madeira. Às seis horas da tarde, estávamos diante de Ponta Parga, a sua ponta ocidental, que dobramos com um bom vento; o mar estava coberto de procelárias, gaivotas e outras aves marinhas. O aspecto da Madeira é imponente, visto de qualquer lado; essa ilha se apresentava aos nossos olhos como um rochedo imenso cujos cimos se perdiam nas nuvens. Suas costas, escarpadas e negras, são recortadas de vales e gargantas fundas; por toda parte, as vinhas ostentam os seus pâmpanos verdejantes, entre os quais se elevam as casas brancas dos seus habitantes. Nos flancos das montanhas, que as nuvens não cobriam, viam-se verdes pastagens como nos Alpes, e grupos altos e cerrados de árvores ensombravam as pequeninas casas. Essa bela ilha desfruta