para visitar as ilhotas mais próximas, e travar assim conhecimento com a terra do Brasil. O comandante fez arriar um bote, e levou consigo alguns marinheiros; passageiros, entre os quais eu, o acompanharam. Avançávamos sem perceber que a água entrava rapidamente no bote; por ter estado suspenso na popa do navio, o calor do sol disjuntara-lhe as costuras. Depois de termos penosamente trabalhado para vencer as vagas, vimo-nos forçados a esvaziar o barco da água que o enchia; mas, como nos faltavam os instrumentos necessários para isso, tivemos que nos servir de nossos butins. A altura das vagas nos escondia a vista do navio; por fim, depois de esvaziarmos duas vezes o bote, chegamos felizmente à "Ilha Rasa", assim denominada para distingui-la da "Ilha Redonda"(17) Nota do Tradutor, que é elevada. Mas ao nos aproximarmos dessa ilha, reconhecemos que seria impossível nela desembarcar, visto como de todos os lados se erguiam rochedos pontudos, sobre os quais uma multidão de polipeiros estendia uma verdadeira rode de raízes e ramos. O mar se quebrava com tal barulho e com tanta fúria sobre esses recifes, que, cheios de receio, tivemos que nos contentar de admirar de longe os belos arbustos copados que cobrem a superfície da ilha, e escutar o canto dos pássaros que se fazia ouvir acima de nossas cabeças. O aspecto dessa ilha tropical era inteiramente novo e interessante para nós. Na ponta dos rochedos pousavam, aos pares, uma multidão de gaivotas de dorso negro, em tudo semelhantes a Larus marinus dos mares da Europa. Atiramos-lhes várias vezes sem matar uma só, pois logo ao primeiro tiro todas voaram e nos cercaram soltando gritos ensurdecedores. Depois de demorarmos cerca de uma hora junto dessa ilha, pensamos em regressar ao navio, que não mais se avistava daí. A nossa situação se tornara crítica, pois reinavam nessa barra correntes que desviam insensivelmente os navios de sua rota, atirando-os à costa. Há muitos casos disso.(*) Nota do Autor. Nossos marinheiros se viram forçados a trabalhar vigorosamente contra a força das ondas, sem saber de que lado se achava o "Janus". Ajudávamo-nos o quanto podíamos, esvaziando ainda por duas vezes o bote com as nossas botinas; finalmente, tivemos a felicidade de avistar por sobre as ondas o topo dos mastros do nosso navio. Depois de muitos esforços e fadigas, o alcançamos: estavam inquietos por nossa chegada.
Pouco caminhávamos, devido à fraqueza do vento, mas, mesmo assim, ancoramos à tarde no canal da entrada da baía. Essa entrada