vimos de novo a costa e reconhecemos distintamente em nossa frente o Cabo Frio, diante do qual existe uma ilhota rochosa. A alegria se manifestou em todos; estávamos no mar fazia mais de setenta dias, e só nos faltava fazer uma bem curta travessia para chegarmos ao Rio de Janeiro.
Pela manhã, o \"Janus\" dobrou o Cabo Frio com uma brisa fresca e favorável; no dia 15 vimos de perto a costa meridional do Brasil, pois aquele cabo separa-a da costa oriental. O vento agitava fortemente o mar, que, semelhantemente ao das costas da Europa, tomara coloração verde-claro que tem perto de terra. A vista das montanhas do Brasil, notáveis pela beleza e variedade de suas formas, pelo verdor de suas soberbas matas, iluminadas nessa hora da maneira a mais variada, pela sua extensão ininterrupta ao longo da costa, causava-nos um prazer, um entusiasmo extraordinário: figurávamos em nossa imaginação as cenas novas que iríamos contemplar, e aguardávamos com impaciência a hora do desembarque. As montanhas selvagens, em direção às quais faziamos vela, apresentam as mais diferentes formas; são muitas vezes cônicas ou piramidais. As nuvens cobriam-lhes os cimos e uma névoa ligeira lhes emprestava um colorido suave muito agradável. Ao meio-dia, por uma brisa muito fraca, o termômetro à sombra se mantinha a 19° Réaumur; descia logo a 17°, numa calmaria que durou até à noite; um pouco mais tarde, o vento se tornou bastante forte, o navio se moveu rapidamente e na manhã do dia seguinte achamo-nos em frente da entrada da baía do Rio de Janeiro.
A calmaria que sobreveio em seguida nos obrigou a ficar no mesmo lugar, enquanto que a agitação do mar nos sacudia rudemente. Estávamos perto da barra que conduz à real cidade do Rio de Janeiro; uma porção de pequenas ilhas, algumas surpreendendo pelas suas formas estranhas, aí se elevam da superfície das águas, unindo-se à massa das montanhas ao longe, o que constitui uma perspectiva muito pitoresca.
A vinheta que acompanha o segundo capítulo da edição in-4to(l8) Nota do Tradutor dá dela uma imagem muito verdadeira: os raios do sol refletem-se sobre o espelho calmo do mar que aparece ladeado pela cercadura pitoresca das montanhas. Entre estas, à esquerda, vê-se o Pão de Açúcar, assim denominado por causa de sua forma, enquanto à direita proemina a ponta de terra em que fica o forte de Santa Cruz, pequeno, mas guarnecido de numerosos canhões.
Às 11 horas, como a brisa se tivesse levantado muito suavemente, o navio pôs-se a andar de forma apenas perceptível, embora estivesse com todo o seu pano solto. Resolvemos aproveitar essa inação