muito grandes, nem muito pequenas. O comprimento mais próprio é de 29 polegadas do Reno; fazem-se de madeira branca e leve, e são protegidas por uma coberta de couro, com os pelos para fora. Em cada uma de suas extremidades há uma argola de ferro; fazem-se passar por baixo duas correias de couro, que se cruzam para melhor segurá-lo, e mete-se por dentro de cada argola uma alça de couro que serve para suspender as caixas nas pontas da cangalha.
Quando o tropeiro põe a carga no animal, toma a caixa aos ombros e amarra-a à cangalha, tomando o cuidado em que o equilíbrio da carga se estabeleça dos dois lados, para não incomodar o animal. A vinheta do capítulo VIII (edição in-4°) representa o trabalho dos tropeiros e o aspeto externo da cangalha. Se as caixas não tiverem um peso igual, põem-se outros objetos na mais leve para torná-la mais pesada. A carga bem colocada e firme, cobrem-na com um grande pedaço de couro curtido, com o pelo para fora, que se fixa com uma longa correia de couro; essa operação lhe fez dar o nome de sobrecarga. Numa das pontas tem um gancho de ferro, com que se puxa a outra ponta, provida de uma grossa cravelha de pau, até que a correia esteja bastante apertada para a ponta do gancho nela poder entrar, mantendo-a firme, e dão-lhe então vários laços. Para impedir que a carga escorregue para frente ou para trás da cangalha, fazem-se passar pelas duas pontas uma nova correia que prende melhor as caixas. O animal assim convenientemente carregado, deixam-no caminhar livremente e pastar até que, toda a tropa pronta, possa pôr-se em marcha. No fim de cada dia de viagem, dá-se a cada burro, depois de aliviá-los da carga, uma ração de milho; esta é posta, como para os cavalos na guerra, num pequeno saco suspenso ao pescoço do animal, ou então espalhada sobre pedaços de couro. Esse alimento é muito substancial e necessário, sobretudo nas viagens fatigantes.
As caixas, que se empregam para as cargas dos burros, só se encontram até agora em certas cidades, como o Rio de Janeiro, Vila Rica e Bahia; são muito bem construídas, porém muito caras. Em todas as pequenas cidades e povoações do interior do Brasil e mesmo do litoral, não se consegue encontrar caixas tão boas e duráveis, pois não há nelas marceneiros, mas tão somente carpinteiros. As caixas que fazem são demasiadamente grossas e pesadas; as suas diversas partes só se prendem com pregos; não servem absolutamente para viagem. É, portanto, indispensável prover-se das caixas necessárias nas grandes cidades.
Para se conseguir, no meio de um país estranho, conservar nessas caixas exemplares de história natural é preciso introduzir nelas adaptação especial. Dispõem-se vários fundos delgados de madeira leve uns por cima dos outros, separados por intervalos desiguais a fim de que, nestes, se possam pôr objetos de diferentes tamanhos; fixam-se pequenas escoras em pé, nos quatro cantos da caixa para aguentar os fundos. Nas caixas destinadas aos mamíferos e às aves, esses fundos