ficam nus, mas para os insetos são forrados com uma camada de pita de cinco a seis linhas de espessura, que substitui perfeitamente a cortiça europeia, ou que até é melhor do que ela. É a medula das hastes florais de Agave foetida (552)Nota do Autor, planta muito comum no Brasil, mas que não se encontra em todas as suas zonas. Os arredores do Rio de Janeiro e outros lugares fornecem uma quantidade suficiente. Como os pedaços dessa medula não são muito largos, são fixados em pequenas placas sobre a tábua do fundo.
Emprega-se, para empacotar os exemplares de história natural, algodão muito barato em toda parte, principalmente nos lugares distantes do litoral. Uma arroba de 25 fibras só me custou duas a três patacas, isto é, cerca de sete francos, na zona litorânea que percorri. Custa mais caro na vizinhança das cidades onde tem maior procura por parte dos negociantes. Em pleno sertão da Bahia valia quatro mil réis e na cidade da Bahia oito mil e até dez mil réis a arroba. O algodão bem batido e catado é inegavelmente a melhor coisa que se pode empregar no empacotamento do material de história natural; preserva-o mesmo da umidade. Sabendo com antecedência o viajante, com certa segurança, necessária, guardará nos seus caixotes vazios uma provisão suficiente.
Se se quer colecionar mamíferos e aves, mandam-se na frente caçadores bem municiados de chumbo de todos os tamanhos, dando-lhes ordem de atirar sem distinção sobre tudo o que virem. Madruga-se para chegar cedo ao lugar escolhido para ponto de parada, para se ter tempo de preparar os animais que forem mortos. Tomam-se logo informações de quais sejam os melhores caçadores do lugar, manda-se que venham, trata-se com eles, dá-se-lhes pólvora e chumbo, que se teve a precaução de trazer da Europa; pois, se bem que no Brasil não faltem tais munições e sejam de boa qualidade, custam excessivamente caro; encontram-se também no interior do país, bem como grãos de chumbo, porém de má qualidade. Dão-se aos caçadores as instruções necessárias sobre a maneira de guardar os animais que matam; caçam com diligência e são pagos à razão de um florim por dia. (553)Nota do Autor Fazem-se preparar imediatamente as peles dos animais mortos; quanto às aves, porém, sem empregar arame e depois de colocar-lhes as asas em posição conveniente, e em ordem todas as penas, colocam-se sobre uma tábua, que pode ser o próprio fundo das caixas. Essa tábua deve ser coberta de algodão; os animais ficam assim alguns dias expostos ao sol. Se se precisa partir antes que as peles estejam completamente secas, basta envolvê-las com algodão para que se conservem na posição em que foram arrumadas. Prega-se uma etiqueta em cada uma, onde se anota o sexo do exemplar, razão pela qual é útil ter prontas de antemão um certo número delas.
Não precisarei dizer que é necessário esfregar as peles com um bom sabão arsenical, como o melhor meio de preservá-las. O sol no