tanto quanto o seu peso, os torna estorvantes nas trilhas estreitas das florestas. Julguei poder pôr os meus caixotes perfeitamente ao abrigo da umidade da chuva, mandando-os forrar de lata por dentro, mas ficaram tão pesados que tive logo que renunciar a esse recurso. Se as chuvas não duram muito tempo, um pedaço de couro estendido sobre as caixas preserva-as suficientemente. É aconselhável nas épocas de chuvas seguidas suspender a viagem; quando não se conta com uma habitação humana nas vizinhanças, constrói-se uma cabana, ou, pelo menos, um abrigo (rancho). As florestas oferecem material suficiente para tanto e a gente se serve para esse fim, como se viu na relação de minha viagem, quer de folhas de palmeira, quer da casca de diferentes árvores, tais como o ipê, a sapucaia, etc. Durante os períodos de chuvas constantes, juntam-se as caixas, tanto quanto possível, umas às outras, põem-se por baixo delas pedaços de pau para que não fiquem em contato com a terra molhada, e cobrem-se as mesmas com os couros que serviram para as cargas dos burros.
Enfim, recomendo aos viajantes, que queiram percorrer o Brasil, entregarem a navios seguros o material de história natural, guardado em caixas bem acondicionadas e fechadas. Devem dividi-lo, se possível, em várias remessas a fim de que, no caso de um naufrágio, tudo não se perca. Quando as caixas vão fechadas, deve-se mandar revesti-las de couro, com o pelo para fora. Esses couros são muito baratos no Brasil; deixam-se mergulhados em água até amolecer, depois do que são esticados em cima das caixas por meio de pequenos pregos e em seguida fixados solidamente com pregos grandes. O couro, secando, se torna duro como pau e protege a caixa contra todos os inimigos externos, principalmente contra a umidade do ar marítimo que faz mofar com muita facilidade o material de história natural.