A língua que parece ser a mais disseminada na América meridional é a dos povos tupis ou língua geral, a que também pertence a dos guaranis. É conhecida já há muito tempo, tendo vários escritores dela falado, entre eles Marcgrave e Jean de Lery, que prestaram importantes contribuições ao conhecimento do assunto. Passarei por ela em silêncio (557)Nota do Autor e limitar-me-ei a dar vocabulários das diversas tribos tapuias com que tive relações; ver-se-á que a linguagem que falam difere totalmente das de seus vizinhos imediatos, com quem vivem sempre em guerra. A tribo dos cariris ou kiriris, atualmente civilizada e que habita nas proximidades da Bahia, se distingue também por uma língua especial; já referi anteriormente que o jesuíta Mamiani havia nos dado dela uma gramática, impressa em Lisboa no ano de 1699; por isso, embora eu tenha visto essa tribo, não falarei dela para evitar repetições. Parte das línguas dos tapuias difere muito entre si, mas, no entanto, encontram-se nelas grande número de nomes e vocábulos comuns a algumas delas; por exemplo, tupan ou tupá que serve para designar o ser supremo.
Para apresentar ao leitor vocabulários de todas as tribos de índios que visitei tencionei extrair, da obra de Eschwege sobre o Brasil, os dos puris, coroados e coropós, pois que o número de vocábulos dessas três tribos que eu reuni é um tanto reduzido; mas achei depois que me devia abster e só publicar o que eu mesmo recolhi.
Todos os índios do Brasil não têm a mesma pronúncia. Alguns pronunciam o fim das palavras como os alemães e outros como os franceses. Uma tribo fala pelo nariz, outra pela garganta e uma terceira pelo nariz e pela garganta ao mesmo tempo; já, numa quarta,