hábil para levar a esse depósito de inflamáveis o rastilho de uma intriga, e teremos a deflagração.
Como nos encontraria uma guerra sul americana? Praticamente desarmados. Elementos humanos não nos faltam. O nosso Exército dispõe de figuras bem conhecidas dos exércitos estrangeiros, iguais ao que eles têm de melhor. Mas tudo nos falta no terreno da previsão, da cautela, da antecipação.
Não temos uma fábrica de aeroplanos, não temos uma usina de gazes, não dispomos de uma só máscara contra a guerra química, os nossos submarinos só por milagre andam; com a mesma idade, já de há muito que estariam fora de riso na Inglaterra. Tripulá-los é um ato de heroísmo. Outro tanto ocorre com os nossos destroyers, incapazes de arrostar qualquer temporal e mesmo o mar grosso.
Um assunto desses, de tanta delicadeza, de tanta gravidade, de tão permanente atualidade, não podia estar entregue aos azares das mutações no cenário político. O primeiro empenho do ministro que entra é desfazer o que fez o ministro que sai. A camarilha que começa a mandar emprega o melhor do seu tempo em rever os contratos que atribui à camarilha que mandou. Grandes figuras representativas da honra e da dignidade militar são proscritas dos altos postos por motivos de ordem pessoal ou política, que nada entendem com a profissão. Entregam-se as nossas classes armadas ao regime do descalabro. A política contamina com o seu vírus a disciplina e inverte a hierarquia militar, virando da cabeça para os pés a ordem dos postos.