A inteligência do Brasil: ensaios sobre Machado de Assis, Joaquim Nabuco, Euclides da Cunha e Rui Barbosa

as atividades do espírito no período que imediatamente precedeu a guerra mundial. O grande humorista, reticente e amargo, parecer-lhes-á fatigante, incerto e pouco vigoroso. A nós próprios, que lhe lemos com indefinido encanto os livros de tão perfeita execução e tão ricos de malícia e de graça, já se nos afigura um homem de outra época, de um passado para sempre vivido. Joaquim Nabuco será, talvez, mais estimado. A harmonia de sua vida, a sua perfeita elegância, a sua sensibilidade humana e, mesmo, o seu diletantismo inspirarão sempre simpatias e encontrarão sempre correspondências íntimas na alma dos moços que se iniciam nas lidas literárias. Na aspereza dos tempos presentes, o trato com o seu sereno espírito é uma espécie de momentâneo refúgio. Menos lembrado do que Machado de Assis e Joaquim Nabuco parece-me Euclides da Cunha. Creio que, muito mais do que às suas conclusões, tantas vezes apressadas de sociólogo, de etnógrafo e de historiador, lhe sacrifica a glória o estilo pomposo e enfático. Habituamo-nos às causas naturais e simples, que o autor dos Sertões procurava evitar.

Rui Barbosa é ainda o mais afamado dos escritores nacionais. Um grupo de admiradores mais ou menos sinceros e de discípulos, ou que tal denominação defendem, mantêm fielmente o culto do seu nome. Criou-se mesmo um "ruibarbosismo", embora nem sempre de melhor gosto. Os brasileiros orgulham-se do seu gênio e, de bom grado, o incluem entre as grandes figuras contemporâneas. Valeria a pena indagar se há exagero sentimental ou simplesmente justiça neste julgamento sobre Rui.

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