A inteligência do Brasil: ensaios sobre Machado de Assis, Joaquim Nabuco, Euclides da Cunha e Rui Barbosa

se poderia seguir uma linha ascendente para um ideal, enfim, atingido, de beleza e perfeição. Isto constitui mesmo um dos aspectos mais curiosos do escritor, sob outros aspectos também, tão insólito em nosso meio literário.

O HOMEM

Nascido em 1839, Machado de Assis estreou nas letras em 1863 com duas pequenas comédias. Um ano depois, publicava o seu primeiro livro de versos — Crisálidas. Não se lhe deteve daí em diante a atividade literária; mais três volumes de versos: Falenas (1869), Americanas (1875) e Ocidentais (1902), a série de romances que vem de Resurreição (1872) até o Memorial de Aires (1908), os vários volumes de contos e o livro de crítica, de publicação póstuma. Sua produção obedece assim a um ritmo certo e quase perfeito. É uma obra cheia de graça, harmonia e beleza, onde o gênio corre tranquilamente, mais largo e mais profundo sempre, como as águas de um rio, de margens planas, que não se comprimiram nunca na aflição de uma garganta nem se precipitaram no algar das cachoeiras. Não o marcou nem esgotamento precoce da maior parte dos escritores nacionais, nem a pressa alvoroçada dos que querem produzir a todo transe, sacrificando embora a qualidade do ouro à quantidade do minério bruto.

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