A inteligência do Brasil: ensaios sobre Machado de Assis, Joaquim Nabuco, Euclides da Cunha e Rui Barbosa

às correntes dominantes. Quero dizer, para explicar melhor que há um momento em que Machado de Assis é romântico, sem o querer, inconscientemente talvez, porque o romantismo o cerca de todos os lados; mas ele se mede, resiste o mais que pode às influências ambientes, porque é de sua natureza evitar os extremos, e porque não crê seja o romantismo a forma definitiva de arte, que se deva fixar e propagar. Há temperamentos ardentes e apaixonados, que, uma vez encontrado o que supõe a verdade, a ele se prendem para toda a vida. Não pertencia, evidentemente, a esta raça o escritor brasileiro.

Machado de Assis tenta o indianismo; exploravam-no Alencar e Gonçalves Dias. É a moda de então, a manifestação literária do nacionalismo e do patriotismo. Entretanto, ele hesita, desconfia de semelhante processo artístico. Será realmente uma forma feliz de arte, um meio de servir ao país, uma revelação de patriotismo? Não, dirá talvez consigo, como, depois, o diz precisamente na Crítica: "Tenho por errônea a doutrina que só reconhece espírito nacional nas obras que tratam do assunto local, doutrina que, a ser exata, limitaria muito o cabedal da nossa literatura", e, noutro tópico: "... o que se deve exigir de um escritor antes de tudo é certo sentimento íntimo que o torne homem do seu tempo e do seu país, ainda quando

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