Através da Bahia – excertos da obra Reise in Brasilien

a canoa, com dificuldade, abre caminho por entre troncos de árvores caídas, ou por entre cerrados juncais.

Pela primeira vez aí encontramos diversas formas vegetais grotescas, nas quais notamos grande diferença das que possui a vegetação das matas vizinhas do Rio de Janeiro.



Flora

Ao longo das margens, existe um caladium (a aninga, Caladium liniferum, Nees.), que possui haste de forma cônica muito pronunciada, com quatro ou cinco polegadas de diâmetro, de cor cinzenta, às vezes brilhante qual marfim e coroada de grandes folhas sagitadas, com bainhas tubuliformes. Estas hastes se dispõem em paliçadas impenetráveis. Além disso, grandes prados de rapatéas ostentam, por entre as folhas, semelhantes às do lírio, grandes capítulos de flores amarelas.

Esbeltas hastes de helicônias pompeiam bainhas purpúreas, cor de brasa. Entre espessos ramos de mimosáceas de folhas penadas, oscila a panícula unilateral do ubá (Gynerium parviflorum, Nees.). Lianas enroscam-se por entre os alvacentos troncos das imbaúbas em espessos tapetes ou pendem em compridas grinaldas, formando pontes pênseis, nas enseadas dos rios.

Ao variegado esplendor dessas formas de folhas, acresce, ainda, a ornamentação pinturesca de inúmeras flores.