eram as cumeadas imutáveis de sua orografia. Mas sua paisagem tinha também elementos oscilantes — bruma, nuvens, arco-íris...
Conforme a luz, ao sabor da ocasião, tudo parecia como se nele nada fosse estável e firme, como se tudo nele fosse ligeiro, livre, volúvel.
Bastava, porém, uma rajada para descobrir, acima dos cirrus brancos do sorriso e de uma tal ou qual boêmia, as alturas imponentes, os picos da maciça cordilheira.
Agiu na singeleza de uma personalidade que não disfarça nem inventa. Nada buscado; nada estudado; nada construído; nada disciplinado.
E se lhe perpassa na eloquência alguma poesia — numa frase ou numa figura — é relâmpago rápido de sua congênita eletricidade, é rapto erradio de sua estética nativa. Nada de místico; nada de irreal; nada de imaginativo.
O mando é exclusivista; a energia não admite contrastes; o patriotismo não consente fronteiras. A ternura é constante e refinada; a amizade comovida, leal, assídua e brava; a tristeza opressiva; a alegria clara e comunicativa; a sagacidade penetrante.
Mas nem a sua energia tinha ódio nem a sua gaia malícia malignidade.
Incapaz de mentir, mesmo a ele próprio, não silenciava pensamentos que exprimia claro e franco com o risco de indiscreto. E como por orgulho desprezava as aparências, pareceu mais inconstante que alguns de seus contemporâneos. É que era do grupo dos expansivos; não se filiava ao dos cautelosos como Nabuco, Paranhos, Pedreira e Saraiva que, mudando tanto quanto