eloquência é conduzido em fórmulas e preceitos e cânones.
Para Cotegipe o discurso era a torrente livre — turva aqui, além cristalina; cachoeirante e espumosa nos saltos ou rebalsada em quietude nos remansos; a carrear tanto a vaza dos plebeísmos como as pepitas do dizer elegante; arrastando no seu torvelinho as ramadas das margens, arrancadas pela força dos argumentos, e as flores que flutuam — nenúfares e vitórias-régias que dormiam nos lagos interiores da emoção.
O equilíbrio entre a leveza e a profundidade, entre o dizer ligeiro cousas ponderosas e o aprumo galhardo em meio às paixões dos que o ouviam e contestavam; o imprevisto de que tocava a oração, matizada pelo riso cáustico ou apenas amenizante, pelas variadíssimas tonalidades cômicas com que coloria a sua eloquência; o ricochete vibrátil das réplicas imediatas, chispando faíscas arrancadas pelo atrito dos debates — tudo eram elementos que lhe firmavam a fama de orador excepcional.
Barthou escreveu com razão que "un discours vaut moins pour être efficace par la forme que par la vie". Os de Cotegipe eram vivíssimos porque espontâneos: menos arte que expansão, menos opinião que caráter, mais temperamento que razão.
A oratória política não é uma exposição de pensamentos. A tese contrária encarna-se num adversário que falou ou aparteia, que contesta e se exalta; e tanto infirma os conceitos do orador como pode perturbá-lo, abatê-lo pessoalmente, emudecê-lo. O parlamentar tem que combater as ideias e ao mesmo tempo fazer-se respeitar e temer.
Nesses jogos de guerra há os que descarregam o tacape ou estrangulam o inimigo — como os Paraná,