Gente sem raça

da infância, conservadas por um adulto, habilitam-nos a conhecer-lhe as fraquezas. Dificilmente se altera o caráter ali forjado. As modificações que, em circunstâncias várias da vida, o adulto manifesta, não interessam seu caráter; "a vida da alma continua assente sobre a mesma base; o homem nos apresenta idêntica linha de movimento e nos permite surpreender nas duas idades, a infância e a maturidade — o mesmo objetivo.(2) Nota do Autor

Nos primeiros anos da vida, as comoções predispõem o espírito a fixações e complexos, que urdem "a trama do psiquismo inconsciente".(3) Nota do Autor Uma impressão que seria indiferente ao adulto ressoa, nesse período da existência, como trauma afetivo, que transtorna a alma infantil e nela estabelece, de modo permanente, seu domínio. Um incidente insignificante da vida infunde na criança a impressão de haver sido preterida ou menosprezada, por exemplo. Aí poderá estar o germe de aberração psíquica, que a perseguirá, como a sombra, pela vida além. É assim que, num adulto apreensivo e ciumento, surpreende Adler a pertinaz reminiscência de passagem de sua infância em que se teria ressentido da atitude curial da mãe, deixando-o no chão, para tomar nos braços irmão mais novo. A suspeita pueril sobreviveu na maturidade, sob a forma de ciúmes violentos e infundados do adulto por sua noiva. Diverso na aparência, o sentimento conservava, entretanto, o mesmo tom do trauma infantil.

2. A consciência das massas mantém uma impressionante semelhança com a da criança. Seu nível é dos mais baixos. Sua homogeneidade, que nos permite isolá-la, como entidade diversa das consciências individuais,



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