Gente sem raça

é obtida à custa das superioridades pessoais. A sociedade nivela os homens, amputando-lhes as características. Nas massas os homens se aproximam pelo que têm de comum: as expressões mais elementares da vida; as mais baixas. As cordilheiras se comunicam com as planícies pelas faldas. O nível mental e moral das massas — diz André Joussain — "não é inferior somente ao dos homens mais eminentes da coletividade, mas mesmo ao dos homens que constituem nela, a maioria, tomados individualmente". (4) Nota do Autor

É inevitável — aduz ele, em outra passagem — que todas as superioridades de espírito e de coração se anulem, reciprocamente, nas massas, onde os indivíduos não se podem entender e reagir de concreto, senão por suas partes mais inferiores, que são também as mais comuns: as operações mais complicadas da inteligência não poderiam ser praticadas por todos, simultaneamente, nem do mesmo modo, ao passo que as mais simples podem sê-lo. Pode-se conseguir que um grande número de homens execute, ao mesmo tempo, o mesmo movimento, como, por exemplo, o de levantarem o braço, à voz de comando; mas se exigirmos deles uma série de movimentos muito complexos e com grande precisão, teremos que renunciar aos movimentos de conjunto e deixar que cada um os pratique, a seu tempo, que escolha seus meios e saia das dificudades, como puder. Não se poderia exigir de uma centena de homens capazes de desfazer um nó górdio, que se desobrigassem, do mesmo modo. Ora, formar opinião sobre assuntos complexos, como problemas políticos e econômicos, financeiros e sociais, é, na verdade, desfazer um nó górdio, e não é possível consegui-lo, a não ser por uma série de reflexões de natureza pessoal. Desse modo, nas massas, como nas

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