Gente sem raça

multidões, predominarão as noções mais sumárias e os instintos mais primitivos: o que há de mecânico ou instintivo em nossas funções mentais ou afetivas, prevalecerá, sobre o pensamento e a atividade, refletidos e voluntários. A associação das ideias desempenhará papel mais importante que o raciocínio; a imaginação espontânea, que a imaginação raciocinada e construtiva; a fé cega, que o espírito crítico; a emoção e a paixão, que o domínio próprio".(5) Nota do Autor

As massas são minimamente sensíveis às impressões. Privadas de capacidade crítica, elas procedem mais pela sugestão das imagens que pelo discernimento. Sem independência psíquica, vivem pelas mãos dos escois; por isso são crédulas, em extremo, simplistas, emotivas e predispostas à adoção de mentalidades crônicas. Para que nelas se implante impressão tenaz, basta que lha apresentem com ilustrações objetivas.

Incapazes de grandes lucubrações, de raciocínios extensos, são, particularmente, suscetíveis aos apoftegmas, às parábolas, aos ditos sentenciosos. Diz-lhes mais um aforismo ou u'a máxima, que a análise circunstanciada, a crítica desenvolvida, a exposição minudente. O espírito simplista da massa predispõem-na a acolher, sem maior exame, os conceitos unilaterais, os juízos incompletos, as sínteses imperfeitas. Basta que se lhe faça ver uma saliência do fato para que, sugestionada pela realidade aparente do que percebe, prescinda dos aspectos múltiplos que lhe escapam e que, se entrassem na elaboração de seu juízo, teriam, forçosamente, alterado a noção formada. Acolhido o modo de ver, não admite a massa meias medidas, verdades relativas, juízos condicionados. Ser ou não ser, é seu dilema.

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