Impressões da Comissão Rondon

por tal situação passamos. Um galho seco que se desprende, o vento, os animais que se espantam quando subitamente dão conosco, os ruídos enfim que, de quando em quando, quebram a monotonia silenciosa desses recantos da terra, perturbam a nossa tranquilidade, despertam-nos olhares inquietos, excitam o medo e a coragem - o medo, como primeira sensação, a coragem para nos pôr em guarda imediatamente, no instinto natural da defesa. Quer-se deixar a arma pendurada e dar um passeio em torno do pouso, mas percebe-se no chão o rasto fresco de uma onça... Quando se viaja montado, é preciso cuidar do animal, dar-lhe água, procurar-lhe bom pasto; pensa-se em pô-lo em liberdade, mas não se tem a certeza de encontrá-lo no campeio da madrugada, quando o orvalho nos ensopa a roupa e as botinas... Se não examinamos o pouso com a meticulosidade própria de quem já foi uma vez surpreendido pela praga das formigas carregadeiras, as partículas da paçoca moveram-se para longe durante a noite e continuam a mover-se pelo amanhecer, em linhas pontuadas e interrompidas, sustentadas por tenazes respeitáveis; o chapéu de palha pode ter sido cortado pela linha de interseção da superfície da aba e da superfície cônica da copa; pode acontecer que alta noite sejamos acordados por múltiplas e dolorosas ferroadas...

Tétricas e mal dormidas noites do deserto, quanto sois diferentes daquelas em que repousamos sob telhado, calmamente distendidos por sobre flácidos enxergões de arame!...

TRABALHO E CHUVAS DE SEIS MESES

Em Mato Grosso e no sertão, mais acentuadamente do que o observado em muitos outros pontos do Brasil, as estações do ano resumem-se em duas: seis meses de seca (abril a setembro) e seis meses de chuva ou de águas (outubro a março). Em abril ainda chove um

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