Impressões da Comissão Rondon

A mais remota teve por teatro o sul e a mais recente o noroeste de Mato Grosso.

A primeira, que chegou a manifestar-se, foi dominada pelo próprio capitão Rondon. Clandestinamente, iludindo a polícia do acampamento, os soldados conseguiram introduzir aguardente nas suas barracas e, ao amanhecer, grande parte deles, já embriagados, recusaram-se a trabalhar; e como os oficiais o exigissem terminantemente, explodiu e generalizou-se a revolta, aos gritos subversivos. Não os podendo conter e reconhecendo que seria inútil qualquer reação violenta, tal a exaltação de ânimo dos soldados e, por outro lado, percebendo que quase todas as praças, inclusive as graduadas, não se encontravam em estado normal; resolveram os oficiais ocultar-se na mata, enquando observavam o acampamento, para em último caso intervir, embora com sacrifício de vida, se os excessos cometidos fossem além da gritaria, das danças macabras, da bebedeira e das brigas entre os amotinados. Rondon não estava presente: enquanto nesse acampamento se cuidava da construção da linha telegráfica, léguas adiante dirigia ele os trabalhos preliminares de reconhecimento e exploração do terreno, para determinação da diretriz mais conveniente, quando a ponta do fio houvesse alcançado a última etapa anteriormente estudada e projetada. Vencia ele no momento dificuldades extraordinárias, no intenso e desconfortado labor próprio da função, quando foi surpreendido pela comunicação do que ocorria no acampamento da construção. Como é do traço característico de seu alto valor moral, sua resolução foi pronta e firme: montou imediatamente e galopou em direção ao acampamento. Ia só e, como sempre, inteiramente desarmado! Levava, porém, no seu aspecto rijo a mais formidável arma, garantidora de todas as vitórias, que era a inflexibilidade de caráter, o prestígio moral inconfundível! Rápido alcançou o ponto a que se destinava e onde mais uma vez iria

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