Impressões da Comissão Rondon

pôr à prova a sua coragem. Sem nenhuma precaução, sem perder tempo na escolha de algum sítio de onde pudesse observar a marcha dos acontecimentos e talvez, por prudência, melhor orientar a ação repressiva, ainda a galope, entrou na área ocupada pelo acampamento! Investiu, já desmontado, em direção ao corneteiro que bamboleava o corpo e descrevia com a corneta caprichosas evoluções. A uma ordem incisiva seguiu-se um toque de "reunir". A atitude impávida, do chefe ali presente e as suas ordens terminantes equivaliam ao tiroteio de uma divisão das três armas do Exército (nesse tempo a engenharia e a aviação não eram consideradas armas de guerra...)

O contingente em peso formou silencioso, como um grupo de condenados que aguarda o castigo infalível; apenas os esforços de alguns não eram suficientes para manter o corpo firme e notavam-se nestes as oscilações próprias do desequilíbrio alcoólico...

-Corneteiro! Toque: "Oficiais", acelerado! Momentos após, surgiam da mata os oficiais e indicavam ao chefe os cabeças de motim.

Dentro de alguns minutos formavam-se no solo dois montes: um monte de divisas e outro de varas flexíveis como as hastes do marmeleiro, partidas em inúmeros pedaços, ao zurzir da chibata!

* * *

Convenhamos que estes golpes arriscados, em pleno sertão deserto, onde não se pode contar com reservas e apoios de outras tropas militares, definem muito bem o perfil de um chefe. Em consequência de seu ato, considerado uma violência em face dos regulamentos militares,que não previam todavia nem fatos como esse, nem as regras excepcionais da disciplina para o caso dos destacamentos em serviço no sertão, a arte militar dos quartéis,

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