Evolução econômica do Brasil

dedicou toda a sua atenção ao resgate do papel-moeda, organizando(1899) dois fundos especiais para o resgate e garantia do papel-moeda, ambos com fontes especificadas nas respectivas receitas.

A mais importante reforma de Murtinho, no entanto, é a compreensão da moeda como uma parte da economia — da situação cambial como um resultado do constante desequilíbrio entre a economia e a finança. A tarefa de Murtinho não foi de natureza técnica; na qualidade de médico, principiou com a cura do organismo e não com as manifestações secundárias da moléstia. L'ésprit draconien, de eficiência e de controle, inaugurado por Murtinho, foi inteiramente novo para o Brasil.

Murtinho não mudou a sua política, mesmo na crise de 1900, quando, não obstante a possibilidade de catástrofe e de pânico, ele não permitiu a circulação de nenhuma nova nota bancária para ser utilizada como recurso de salvação pelos bancos ameaçados e preferia a imediata liquidação forçada de todas as instituições bancárias fracas. Era o fim do Banco da República, do Banco Rural e Hipotecário e de muitos outros. O período de 1898-1902 foi uma incessante luta contra os déficits, uma batalha de economias e um trabalho paralelo de construção. Em 1898 a taxa de câmbio atingiu o seu mais baixo nível de 5 5/8 e a existência total de papel-moeda o seu mais elevado ponto (778.364 contos contra 171.081 contos em 1890). As cifras relativas ao ano de 1902 dão uma taxa cambial média de 11 31/32 e uma existência de papel-moeda de 675.536 contos. Os métodos de Murtinho não constituíam originalidades — equilíbrio do orçamento, aumento da receita, redução nos gastos, incremento da exportação, e direitos de importação em