O Fico: Minas e os mineiros na Independência

e devia ser livre: livre, para crescer e prosperar materialmente na indústria, na agricultura e no comércio, de acordo com a uberdade do seu solo e com a operosidade do seu povo; livre, para assumir, política e socialmente, perante as nações cultas, o posto de destaque que lhe reservava o futuro. As lutas com os jesuítas, a expulsão dos franceses e holandeses, a guerra dos mascates, a dos emboabas, a própria rebelião de 1720 em Vila Rica, a Inconfidência mineira, a conspiração baiana, o brado republicano de 1817 no norte do país — tudo isso outra cousa não significava senão o grande e irreprimível anseio do povo americano em sacudir o jugo lusitano, que desde o descobrimento lhe embargava os passos.

Somente nos 13 anos de governança de Dom João VI no Brasil — é justo assinalar — abriu-se uma fase de relativo bem-estar para a nossa terra.

Sobre esse bondoso monarca despejaram, é certo, autores implacáveis as mais ferinas críticas, e , não só aqui entre nós, como nos próprios arraiais lusitanos, por escritores portugueses.

Refere, por exemplo, Affonso de Taunay a lenda em voga em Portugal, e de longa data, que fazia do ilustre bragançã uma espécie de glutão semi-imbecil, tão incapaz de governar, quanto resignado às mais deploráveis condescendências. Outro escritor pátrio, Paulo Setubal, acha não haver pincelada mais certa para fixar a personalidade moral do marido de Carlota Joaquina

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