fosse pela esperança longínqua de uma separação que assegurasse à casa bragantina o novo Reino ou fosse ainda porque o indolente monarca de Queluz, ao aportar às plagas brasileiras, se sentisse retemperado, física e moralmente, diante das belezas naturais do solo americano, do nosso clima ameníssimo, e da bondade do nosso povo, o certo é que, desde que aqui desceu o bondoso Rei abriu-se para o Brasil uma nova era de liberdade e de bem-estar, como igual nunca fruíramos nos três longos séculos de cativeiro, desde o descobrimento.
Tal situação, porém, foi, infelizmente, para nós; de duração efêmera. Porque, com os acontecimentos da Península, em 1820, mudou-se o cenário e viu-se de novo o Brasil a braços com a tirania lusa. Tão depressa se reuniram as Cortes Extraordinárias de Lisboa para cuidar da reconstrução política do país, e logo as primeiras medidas alvitradas no seio das Cortes Portuguesas foram pelo regresso imediato da Família Real, porque urgia a volta do Brasil à condição de Colônia. Viram, decerto, os portugueses que no florescimento inicial da ex-Colônia estava a causa principal da decadência, cada vez maior, do velho Reino e consequentemente a próxima emancipação política do nosso povo. Mesmo a revolução do Porto, para alguns, nada mais foi que um protesto instigado pela aliada Inglaterra contra a dependência em que vivia já Portugal em relação ao Brasil, desde o governo liberal de Dom João VI entre nós.