ainda as Cortes de submeter ao veredito do Reino a própria sorte dos juízes brasileiros.
A par de todas essas medidas flagrantemente vexatórias, ainda o regresso inesperado da Família Real para Lisboa outra cousa não representava senão o desejo ou o fim de diminuição e de enfraquecimento do Reino americano, com o firme propósito, em que já estavam, de reconquistar os foros de completo domínio sobre o nosso povo e lhe cortar as asas, no caso de uma sublevação nativista, que já previam.
Queriam, em suma, a união dos dois Reinos, mas com desigualdade manifesta de direitos e de vantagens. Uma lei para os portugueses, outra para os brasileiros.
Contra isso, bradou altivamente no seio do Parlamento luso, entre outros, o ardoroso deputado paulista, Antonio Carlos, quando se discutia o projeto de organização da justiça, que desmantelava por completo os nossos tribunais.
"Os povos do Brasil — dizia, em arrebatado discurso, o grande tribuno — são tão portugueses como os povos de Portugal, e por isso hão de ter aqui iguais direitos. Enquanto a força dura, dura a obrigação de obedecer. A força de Portugal há de durar muito pouco e cada dia há de ser menor, uma vez que se não adotem medidas profícuas e os brasileiros não tenham iguais comodidades".(5) Nota do Autor
Vê-se na gravura seguinte o ilustre Andrada, no momento de proferir o seu candente e patriótico discurso,