Botânica e agricultura no Brasil no século XVI

um ser que parecia estar sob o flagelo de um cataclismo acarretado por qualquer desregramento, quiçá castigo divino. O seu passado era caos, o seu porvir um triste augúrio. O advindo, em vez de encorajá-lo, em vez de procurar dirigi-lo a vencer a triste situação em que se encontrava, valeu-se da mesma para explorá-lo ignobilmente, para precipitá-lo em uma desgraça maior, que foi a sua exposição ao vitupério e ao ridículo. O homem aqui residente e a sua história não preocuparam aos conquistadores. Para eles - como mostraremos - havia outras preocupações: encontrar tesouros, descobrir minas, levar ouro, pedras preciosas e gozar a carne.

Ao lermos o discurso proferido por Alfredo González-Prada, ministro do Peru, em Londres, quando se celebrou ali o tricentenário da introdução da quinina na medicina, ficamos fortalecidos nessa convicção.

Referindo-se aos escritos de M. A. Mugu e M. T. Mc Gree, disse ele:

"Eles - os incas - possuíam ideias avançadas de conhecimentos médicos, faziam uso de uma flora magnífica" e acrescenta: "Indubitavelmente eles se encontravam num estado de cultura mais científica do que os europeus no mesmo período, mesmo se tomarmos o século XVI como termo de comparação. Enquanto na Europa, a medicina ainda era uma espécie de taumaturgia e superstição, a arte de curar dos peruanos era clara e simples, recordando até certo ponto a doutrina de Paracelsus - curando cada moléstia com determinada erva.” Bernabé Cobo, na sua Historia del Nuevo Mundo, registrou esta interessante observação, igualmente feita por Garcilaso:

"Eles - os índios - nunca usam um remédio composto; todas as curas são feitas com ervas simples".

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