Botânica e agricultura no Brasil no século XVI

O estado hodierno das ciências é o fruto do esforço de milhares de pesquisadores; e, assim, o conhecimento que hoje temos da flora do nosso torrão pátrio, é a soma de contribuições, pequenas e grandes, que centenares de naturalistas e viajantes nacionais e estrangeiros acumularam no decorrer de quatro séculos. Mas, se a história da botânica, - de acordo com a nossa interpretação - remonta a um pretérito de 436 anos, a da agricultura tem um passado muito mais remoto, data, talvez de milênios; pois que, a agricultura aqui exercida desde tempos imemoriais, deve ser - como teremos ocasião de demonstrar mais adiante - um ramo do tronco geral, cujas raízes se fixam onde o homem teve o seu berço. Se a origem e a idade desse bípede são insondáveis, vaga e mui incerta é a origem da agricultura. Em nosso continente esta já era praticada quando Christovam Colombo aqui arribou. E, se é verdade que a agricultura não pode dispensar o conhecimento da botânica, evidencia-se, daí, que esta do mesmo modo deve ter sido cultivada aqui em épocas remotíssimas.

A pré-história da botânica e da agricultura do nosso país é certamente mais tentadora e muito mais interessante do que a história que das mesmas conseguimos coordenar com o auxílio dos elementos e materiais que nos deixaram os viajantes e naturalistas que aqui peregrinaram. Pretendemos dizer algo sobre a mesma, mas quem ousaria escrevê-la? Os imigrados, infelizmente, em vez de colecionarem elementos para reconstruí-la, concorreram direta e indiretamente para destruir toda a documentação que porventura existia e, destarte, hoje quase só nos restam as plantas úteis como elementos seguros e insofismáveis para conjecturarmos a respeito daquilo que por aqui deve ter havido antes do advento do europeu. O aborígene já caminhava para o abismo; era

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