distribuídos - chegamos a pensar, muitas vezes, que melhor seria não empreender o trabalho. Mas, como palpita em nosso peito um coração que ama a botânica e admira a pujante e rica flora que o solo pátrio abriga, o descaso e a falta de entusiasmo de outros, que melhor e mais facilmente o poderiam realizar, nos fez arrostar todas as dificuldades. Baste esta explicação para justificar o que nas primeiras linhas ficou exarado.
Enquanto vivos, cumpre-nos agir. O pretérito, sendo a base do presente, demonstra-nos que este é a base e alicerce, quiçá arcabouço do porvir. O material juntado pelos que se foram serviu-nos, em parte, para esta obra; ela há de servir também a alguém, senão para aprender ao menos para corrigir.
Nas realizações humanas, o perfeito e o estável não existem. Tudo que assim parece ser, sempre o será por pouco tempo. As ciências não se fixam, acampam apenas. Tudo se transforma. Tudo evolui com o aproveitamento essencial e o desprezo do que se faz supérfluo. A mor parte dos edifícios intelectuais se erguem em sentido inverso, sobem e dilatam-se sobre base angusta e quando se tenta encimá-las com a cúpula de glória, ruem e desfazem-se. Nada se perde, no entanto, tudo se reaproveita, tudo se utiliza. Dos destroços tiram-se elementos, salvam-se materiais para novos castelos e neste demolir e reerguer, distrai-se o "bípede implume". E como não havia de ser assim se a própria natureza procede desse modo: Não se desenvolvem novas florestas onde selvas milenárias foram tombadas e não ressurgem novas árvores onde gigantescos troncos caíram? Roças, pomares e cidades surgem e desaparecem, para que novamente as filhas da flora se desenvolvam. Nil novi sub sole, já exclamava o sábio Salomão; não nos preocupemos, portanto, com isto.