Explicados os objetivos e mencionadas as dificuldades que tivemos de vencer para escrever este trabalho, ninguém procure nele mais do que a súmula da nossa boa vontade e o desejo de ser útil ao semelhante. Com ele não pretendemos conquistar louros na literatura, nem renome nas ciências. Reavivar, recapitular, concatenar e comentar o que existe a respeito de botânica e agricultura dos primórdios da nossa história é, em síntese, o êmbolo que nos impulsionou.
A transcrição dos trechos mais interessantes, quer do arcaico francês, quer do português antigo, foi feita sempre exatamente como os encontramos nos trabalhos.
Para se fornecer dados concretos para a história da botânica e agricultura em nosso país, precisa-se começar com a data da imigração do primeiro europeu nestas terras, mas isto é difícil, porque justamente os portugueses e os espanhóis eram e continuam sendo povos mais práticos do que filósofos: pouco escreveram e menos publicaram. Não foi sem razão que Pero de Magalhães de Gandavo, na sua Historia da Provincia Santa Cruz, já os verberou, dizendo:
"A causa principal que me obrigou a lançar mão da presente história, e sair com ela à luz, foi por não haver até agora quem a empreendesse, havendo já 70 e tantos anos que esta província é descoberta. A qual história creio que mais esteve sepultada em tanto silêncio, pelo pouco caso que os portugueses fizeram sempre da mesma província, que por faltarem na terra pessoas de engenho, e curiosas por melhor estilo, e mais copiosamente que eu a escrevessem. Já que os estrangeiros, porém, a tem noutra estima, e sabem suas particularidades melhor e mais de raiz que nós (aos quais lançaram já os portugueses fora dela à força de armas por muitas vezes) parece cousa decente e necessária terem também os nossos naturais