Botânica e agricultura no Brasil no século XVI

a mesma notícia, especialmente para que todos aqueles que nestes reinos vivem em pobreza não duvidem escolhê-la para seu amparo, porque a mesma terra é tal, e tão favorável aos que a vão buscar, que a todos agasalha e convida com remédio, por pobres e desamparados que sejam. E também há nela cousas dignas de grande admiração e tão notáveis que parecerá descuido e pouca curiosidade nossa não fazer menção delas em algum discurso, e dá-las à perpétua memória, como costumavam os antigos; aos quais não escapava cousa alguma que por extenso não reduzissem a história, e fizessem menção em suas escrituras de cousas menores que estas, as quais hoje em dia vivem entre nós como sabemos, e viveram eternamente. E se os antigos portugueses, e ainda os modernos não foram tão pouco afeiçoados à escritura como são; nem se perderiam tantas antiguidades entre nós, de que agora carecemos, nem houvera tão profundo esquecimento de muitas cousas, em cujo estudo têm muitos homens doctos, cansado, e revolvido grande cópia de livros sem as poderem descobrir nem recuperar da maneira que passaram". Se este foi o característico dos portugueses por volta de 1560, é fácil avaliarmos, quão escassos e lacunosos devem ser os dados que datam dos primeiros anos da descoberta.

Mas, para o cúmulo da desgraça dos poucos que deixaram alguma cousa escrita, existia a má vontade dos governos e das associações com meios, para mandar imprimi-lo e quando finalmente Varnhagen e outros beneméritos se prontificaram a sanar esta falta e fazer justiça aos mesmos, sobreveio a malquerença e indolência dos historiadores posteriores, que lhes negaram guarida e os classificaram, a priori, como inúteis e sem valor.

Para nós, porém, os escritos daqueles primeiros historiadores e informantes, foram de grande valia. Para

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