Botânica e agricultura no Brasil no século XVI

os mangaritos, algumas abóboras, feijões, favas etc. a que nos referiremos mais adiante para provar que existiam aqui, por ocasião do descobrimento. Mas, para terminar a lista, diremos apenas duas palavras sobre o arroz, que até ao presente momento não encontrou quem lhe quisesse negar a origem asiática e o total desconhecimento no continente americano.

Andréas Sprecher Von Bernegg, na sua importante obra: Tropische und Subtropische Weltwirtschaftspflanzen, tratando do milho, disse que ele é o único cereal que a América possuía e que por isto mesmo podia ser considerado um produto e ao mesmo tempo um fator da civilização do homem nesta parte do mundo. Mas, é incontestável que aqui possuíam e cultivavam também o arroz. Mais adiante mostraremos que, quando os navios de Cabral aqui aportaram, alguns dos homens, caminhando até uma povoação onde habitavam índios, foram pelos mesmos obsequiados com várias cousas entre as quais também o arroz. Dirão os entendidos que se tratava talvez do milho que os portugueses, por não o conhecerem assim apelidaram. Outros argumentarão dizendo que sem dúvida se tratava do arroz selvagem (Oryza caudata Trinius, aliás sinônimo de Oryza sativa L.) que Riedel e outros botânicos e viajantes mencionaram como nativo nos pantanais de Mato Grosso e Bolívia e que também nós encontramos nos ex-lagos de Xaraés, no sul do referido Estado; ou, mencionarão, talvez, a Oryza subulata Nees Ab Esenb, que vegeta espontaneamente no território sul-rio-grandense e no uruguaio. Vejamos, entretanto, calmamente, se tais hipóteses podem ser aceitas sem discussão ou se não é mais provável que de fato os aborígenes americanos, aqui no Brasil, possuíam e cultivavam o arroz, isto é, o tipo que Linneu classificou como Oryza sativa.

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