Botânica e agricultura no Brasil no século XVI

e seus tributários, quer naqueles do Rio Paraguai e seus afluentes, confirmam o fato que os aborígenes que ali viveram, quer como povos lacustres, quer como ribeirinhos, colhiam o arroz selvagem que ali existe e o aproveitavam para a sua alimentação, empregando exatamente os processos citados também para a África. É certo que os botânicos têm determinado esse citado arroz selvagem da referida região brasileira, como Oryza caudata Trinius alegando que é inteiramente diferente do arroz, comumente cultivado. Vejamos, porém, o que disse Alice Prodoehl: Botanisches Archiv vol. I (1922) p. 222, na sua Oryzeae Monographice Describuntur, onde põe esta espécie como sinônima da Oryza sativa L., que é o arroz comumente cultivado em todo o mundo e consultemos também o que sobre o mesmo escreveu José Gonçalves da Fonseca no ano 1749 (Navegação feita da cidade do Grão Pará até a boca do Rio Madeira, pela escolta que por este subiu às minas de Mato Grosso, por ordem mui recomendada de Sua Majestade Fidelíssima, no ano de 1749 - Vide: Collecção das Notícias para a Historia e Geographia das Nações Ultramarinas, etc. 1826. p. 136). "A três se prosseguiram, nos rumos acostumados, dous pequenos estirões, e se seguiram cinco giros de ribanceiras inundadas por uma e outra margem, e com tantas bocainas que com grande dificuldade se atinava com a mãe do rio, acrescendo mais haver neste mui continuados capinais de arroz e outras ervas, que tecidas umas com outras na superfície da água deixam mui estreito passo à navegação. O arroz de que aqui se faz menção, e de que há imensidade, não só na mãe do rio mas também pelos seus lagos e pantanais, é produção espontânea da natureza, que depois de sazonado costuma ser alimento e juntamente desperdício de vários animais voláteis, por não haver morador que aproveite a sua colheita,

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