Botânica e agricultura no Brasil no século XVI

para a qual não há necessidade de mais trabalho, do que andar em canoinhas por entre os campinais, que com qualquer movimento largam as espigas os seus casulos, de sorte que em breve tempo se desfruta este gênero de seara continuada com tal frequência, que raro era o espaço de caminho, em que não houvesse esta providência totalmente inútil à necessidade da escolta, em razão de passar ela em estação imprópria de se aproveitar". Depois, um pouco mais adiante: (p. 139): "A terra em que se acham situadas estas fazendas, é alta, isenta de inundações ainda em cheias extraordinárias, é plana, e produz boas matas, que continuam até as serras das Torres, que lhe ficam ao poente. As mesmas fazendas produzem os legumes do país com fertilidade, milho com abundância, e também arroz de muito boa qualidade, que na grandeza do grão e sabor não tem inferioridade ao de Veneza; porém o que se colhe pelos pantanais, produzido pela natureza, sem cultura, não tem bondade que o faça apetecido, e só por necessidade se pode admitir o seu uso".

Mas, não é este o único testemunho em abono da existência do arroz e sua cultura na terra brasílica. Se Sprecher Von Bernegg escreveu a verdade - o que nos parece plausível -, então devemos aproveitar ainda a informação de Sebastião da Rocha Pitta: Historia da America Portugueza, desde o anno de mil e quinhentos do seu descobrimento até o de mil setecentos e vinte e quatro. A sua notícia sobre o cultivo do arroz no Brasil, é, portanto anterior a data supra fixada de 1745, porque a sua narrativa vem apenas até ao ano de 1724, e, todavia, lemos ali, p. 25, n.° 38, o seguinte: "Produção do arroz. É imensa no Brasil a produção do arroz, igual na bondade ao de Espanha, ao de Itália e melhor que o da Ásia, e pudera servir de pão,

 Botânica e agricultura no Brasil no século XVI - Página 36 - Thumb Visualização
Formato
Texto